
O sururu teve origem na letra esquerdista da marchinha, que contrastava com o perfil do Lott, candidato da coligação PSD-PTB à sucessão de Juscelino Kubitschek, militar legalista, avesso a golpes na política e nos quartéis, mas antes de tudo um homem conservador. De comunista, de esquerdista, Lott não tinha nada. Mas era o melhor candidato na época. O outro, que o venceu, Jânio Quadros, renunciou sete meses após assumir o cargo e, de certa forma, sua tresloucada passagem pela política abriu caminho para o golpe militar de 1964.
Em certo trecho do jingle, os autores dão o seguinte recado:
“Quem for contra a democracia,
vai entrar em fria, vai entrar em fria
A turma que não gosta do trabalho,
A turma que não gosta do trabalho,
vai cair do galho, vai cair do galho
E os entreguistas vão levar sumiço
porque o marechal não brinca em serviço”.
Recado mais claro, impossível. Se eleito fosse, de acordo com a marchinha, Lott mandaria para a cadeia ou para o cemitério aqueles que a turma do PTB fluminense considerava inimigos da Pátria. Claro que Lott não seria tão radical – esse perfil não condizia com ele. Mas era a grande aspiração de parte de um eleitorado, cansado de certos varejos da política.
No resto do país, o jingle do marechal foi outro, bem mais ameno.
Nas eleições de 1960, como todos sabem, Jânio ganhou de Lott em quase todos os estados da federação. Uma das poucas exceções foi o antigo Estado do Rio, na época governado por Roberto Silveira, que encomendou o jingle à dupla de compositores.
Muitas e boas histórias daquela campanha eleitoral são contadas no livro “Como não se faz um presidente”, do jornalista mineiro Milton Senna, esgotado há décadas. Senna, que queria Lott em Brasília, acompanhou o candidato pelo país afora e foi excelente observador de episódios e detalhes que contribuíram para a derrota do marechal.
A comparação que faz dos dois candidatos mostra como Jânio, uma raposa para galinheiro nenhum botar defeito, era extremamente atento ao burburinho das ruas, enquanto seu oponente perdia terreno por conta da integridade ingênua.
Sempre que convidado para algum comício, evento, solenidade, etc., Jânio perguntava antes:
– Tem povo? Se tiver povo, eu vou!
Já o marechal, em mais de uma oportunidade, quando os cabos-eleitorais tentavam tirá-lo do chão para criar aquela imagem, muito em voga nos anos 50 e sempre reproduzida pelos jornais, do “candidato nos braços do povo”, dava um esporro em regra nesses auxiliares:
– Não me tirem do chão. Tenho pernas!
E os entreguistas vão levar sumiço
porque o marechal não brinca em serviço”.
Recado mais claro, impossível. Se eleito fosse, de acordo com a marchinha, Lott mandaria para a cadeia ou para o cemitério aqueles que a turma do PTB fluminense considerava inimigos da Pátria. Claro que Lott não seria tão radical – esse perfil não condizia com ele. Mas era a grande aspiração de parte de um eleitorado, cansado de certos varejos da política.
No resto do país, o jingle do marechal foi outro, bem mais ameno.
Nas eleições de 1960, como todos sabem, Jânio ganhou de Lott em quase todos os estados da federação. Uma das poucas exceções foi o antigo Estado do Rio, na época governado por Roberto Silveira, que encomendou o jingle à dupla de compositores.
Muitas e boas histórias daquela campanha eleitoral são contadas no livro “Como não se faz um presidente”, do jornalista mineiro Milton Senna, esgotado há décadas. Senna, que queria Lott em Brasília, acompanhou o candidato pelo país afora e foi excelente observador de episódios e detalhes que contribuíram para a derrota do marechal.
A comparação que faz dos dois candidatos mostra como Jânio, uma raposa para galinheiro nenhum botar defeito, era extremamente atento ao burburinho das ruas, enquanto seu oponente perdia terreno por conta da integridade ingênua.
Sempre que convidado para algum comício, evento, solenidade, etc., Jânio perguntava antes:
– Tem povo? Se tiver povo, eu vou!
Já o marechal, em mais de uma oportunidade, quando os cabos-eleitorais tentavam tirá-lo do chão para criar aquela imagem, muito em voga nos anos 50 e sempre reproduzida pelos jornais, do “candidato nos braços do povo”, dava um esporro em regra nesses auxiliares:
– Não me tirem do chão. Tenho pernas!
Só que as pernas não o levaram para o Palácio da Alvorada, na época o palácio do governo, hoje residência do presidente da República.
Um comentário:
Zé Sérgio, estou adorando suas histórias! Não sabia que você tinha um blog. Às vezes temos ido à feijoada vespertina da Hilda e do Ilton. Beijos, Chris
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