sexta-feira, 29 de maio de 2009

ACABAMENTO PRIMOROSO NO PONTO MAIS NOBRE


Boa parte da vida trabalhei sempre em dois ou três lugares. Numa dessas, tendo como emprego principal o de redator do Globo, onde podia chegar sem problemas às 16 ou até 17h, acumulei com um frila e um bico de meio expediente na Margem Comunicação, do Luiz Alberto Bettencourt.
Lá, entre outras coisas, fazia os textos para o house organ da Encol, aquela mesma que raramente entregava no prazo os apartamentos a seus clientes.
Uma ou duas vezes por semana, batia o telefone e alguém reclamava da construtora. Fui xingado tantas vezes que já estava ficando (olha o gerúndio, olha o gerúndio...) parecido com a turma do telemarketing de hoje em dia.
– Mas senhor... nós aqui só fazemos o jornal da constru...
– Vai se fud..., seu filho da p...!
Um dia saí de lá porque não estava mais dando para conciliar horários. Voltei no mês seguinte para receber, conversei com o colega que tinha ido para a minha vaga, ele me contou que os telefonemas continuavam. Não deu outra: TRRRRIIIIIIIMMMMM! Ele já ia atender, mas me adiantei, fiz questão, queria ouvir o último esporro.
Nada disso. A madame era simpática e, quando falou da Encol, parecia mais feliz ainda.
– Ah, que bom! Quer dizer que a senhora não foi prejudicada?
– Aqueles sujeitos só me deram prejuízo. Estou satisfeita é com o trabalho de vocês, colocando no jornal todos aqueles prazos que eles não cumprem e falando do material de primeira que eles dizem usar nas obras e não usam. Muito feliz mesmo, principalmente porque meu advogado juntou tudo nos autos e disse que não tem dúvidas de que ganharemos na Justiça. Deus lhes pague!
E desligou.
Em breve, com a colaboração dos amigos, mais histórias do tempo em que seu Remington, dona Olivetti e suas pretinhas aprontavam.

Um comentário:

maiolino disse...

E fui eu que fui para o seu lugar.
Lá conheci um estagiário, Humberto Medina. Que hoje está em Brasília, também, é freqüentador da minha casa. Ele a esposa dele... para alguma coisa essa margem serviu.
Sugestão: que tal umas “coordenadas”. Além de contar histórias de redação, histórias derivadas de redação...
Pensando bem, não sei se seria bom...