
A Copa de 94, do tetra, teve muitas e boas histórias na Editoria de Esportes, onde trabalhei 40 dias seguidos, sem folgas, aliás não só eu, todo mundo que integrava a equipe de retaguarda ralou muito naqueles dias de Romário e Bebeto. O editor era César Seabra, o "Cesão", que preferiu não viajar, deixando sob o comando do Tadeu Aguiar a moçada que foi aos Esteites fazer a cobertura. Quando não havia nada para fazer de bom, a diversão era garantida com a implicância bem-humorada do Márcio Tavares com o diagramador Paulinho, ou com as paranóias culinárias do redator Haroldo Habib, que se gabava de lavar tomate com detergente e queria porque queria que todos fizessem o mesmo em casa, na hora de preparar a salada. Paulinho, além de diagramador, era mecânico de automóveis e também pintava carros. Segundo o Márcio, que o chamava de "o maior anão do mundo", usava uma escada para pintar teto de Fusca.
Mas a melhor história teve como personagens o diretor de redação, Evandro Carlos de Andrade, e a querida coleguinha Suzane Veloso, que há tempos teve a sabedoria de trocar o jornalismo pela propaganda.
Como diziam os periodistas da velha guarda, tudo começou quando Evandro pagou um esporro geral na Editoria de Esportes, afirmando que ninguém ousava escrever uma matéria com prognósticos sobre aquela competição que, dizia o chefe, já estava no papo dos argentinos. Só uma pessoa concordava com Evandro. Botafoguense de boa cepa, Haroldo Habib é também torcedor fanático da seleção argentina, pode isso?
O fato é que nenhum repórter, editor, redator ou colunista queria se comprometer com previsões malucas.
Direto de seu aquário, o impetuoso Evandro não fez por menos: na véspera de mais uma partida da seleção argentina, escreveu um texto longo, arriscando toda sorte de prognósticos sobre o que aconteceria nas semanas que se seguiriam, bancando quem seriam os novos campeões do mundo.
A Argentina saiu nas oitavas de final, derrotada pela Romênia, e acabou em décimo lugar. E quase nenhuma outra previsão do chefe se confirmou.
Suzane Veloso, que na época, se não me engano, estava no Segundo Caderno, voltou de férias exatamente um dia depois da desclassificação dos hermanos.
Em meio ao silêncio sepulcral sobre o assunto, a repórter encontrou o diretor do jornal no corredor e mandou na lata, para todo mundo ouvir:
“Aí, hein, Evandro? Não deu uma dentro!!! E a Argentina, hein???
Nenhum comentário:
Postar um comentário