
Mesmo não tendo ainda nascido em julho de 1950, me considero, por solidariedade a meu avô que quase enfartou no local da tragédia e nunca mais foi a estádio, um dos 53 milhões de brasileiros que saíram desolados do Maracanã (dizem que eram quase 200 mil pessoas no Maraca, mas estou contando a população brasileira da época), chutando tampinhas de cerveja Black Princess. De lá para cá, a partir de 1954, quando já existia, embora ainda usando fraldas, perdi mais 10 vezes, contando com a Copa que está sendo disputada agora, na África do Sul. No entanto, ganhei cinco inesquecíveis taças do Mundo. Pensando bem, e levando em conta que não existe outro país pentacampeão, é um retrospecto razoável. Neste momento dramático em que sou detonado pelos holandeses, acabo de tomar algumas decisões de extrema importância para a preservação da minha lucidez: vou torcer pelos hermanos. Não quero nem ouvir falar de final europeia, entre Holanda e Alemanha, ou coisa que o valha. Claro que, hermanos por hermanos, prefiro os uruguaios, apesar de terem sido nossos carrascos em 1950. Vou torcer por eles contra a Holanda. E neste sábado, com certeza, quero mais que os argentinos acabem com a alemoada. Vão plantar chucrute! Se tudo der certo, e se nossos ex-quase-conterrâneos cisplatinos também vencerem, teremos uma final entre os azuis do continente, entre a Celeste e o time de Maradona, e sou uruguaio desde criancinha porque no time joga El Loco Abreu. Portanto, será quase como o Glorioso Botafogo de Futebol e Regatas na final da Taça Fifa. Final européia, jamais! Por ene motivos. Um deles: a Alemanha chegará ao tetra e, junto com a Itália, será como o ressurgimento do pavoroso Eixo novamente ameaçando os valores da Civilização. Vão pro cacete, nazifascistas! Argentinos ou (sei que é mais difícil acontecer, mas sabe-se lá) uruguaios chegariam, caso um deles vença, ao tricampeonato. Nada demais. Claro que tenho um plano B: torcer pela Holanda, se a ferida cicatrizar até lá. O que não desejo para mim, e para ninguém, é outro Maracanazo. Ou seja, perder novamente uma Copa aqui em casa. Se os deuses do futebol também escrevem por linhas tortas, teremos boas chances dessa vez, pois o Dunga já era. Com certeza, vamos aprender com essa derrota e colocar um time de craques nos gramados de 2014. E mais uma coisa: considere-se desde já meu inimigo mortal quem colocar a culpa da derrota de hoje em nossa defesa, que continua sendo a melhor do planeta. Defesa não ganha jogo sozinha. Não queiram fazer do Júlio César um novo Barbosa ou do Lúcio um novo Juvenal.
A imagem lá no alto, para quem não sabe, é de Sebastian Abreu, El Loco, autor do gol que deixou o Uruguai na semifinal. No Glorioso, Loco é especialista em gols de cabeça. Falando nisso, a trilha sonora de hoje é tango, um tango argentino, “Por una cabeza”, que tem uma letra fantástica, misturando decepção amorosa e fracasso turfístico. Pode ser considerado também um tango uruguaio, porque o tango, dizem, nasceu do outro lado do rio da Prata. Pensando melhor, é um tango brasileiro, pois o autor da letra, parceiro de Carlos Gardel, Alfredo Le Pera, era paulista. Por uma cabeça, talvez por duas, a cabeça teimosa do Dunga e a cabeça esquentada do Felipe Melo (depois de dar o passe para o gol de Robinho!!! Esse cara não tem jeito!!!), perdi hoje minha décima Copa! Chega de anões!
5 comentários:
que lindo! fiquei feliz pelo loco abreu! muito romário! falta essa cabeça debochada na seleção. esse time de beatos certinhos (tirando felipe melo, psicopata que encarna à perfeição o beato reprimido -- viu a entrevista? eu tenho força pra quebrar a perna do robben, mas ele continuou jogando...) nao podia mesmo ser campeao, curuzes!
Estou firme e forte , Uruguai e Loco, Loco, Loco querido !!!!!!!!
Quanto a a Argentina, só lamento !!!!!!!!!!!
Passados alguns dias, nos resta a tão rejeitada final europeia. Ontem, o valente Uruguay caiu.
Vou torcer por esse time da Alemanha, contra espanhois e holandeses. O ressurgimento do eixo não me assusta: deixa eles colarem com 4 cada uma que a gente salta 2 casinhas em seguida.
Abraço!
Pesquisando sobre São João Marcos, história que me fascina, cheguei ao seu blog.
Simpatia imediata por amor àquele que é, foi e será sempre o mais glorioso dos clubes brasileiros (Garrincha, Didi, Quarentinha, Amarildo e Zagallo, Nilton Santos, Roberto Miranda, Jairzinho, Túlio Maravilha, João Saldanha, Augusto Frederico Schimidt, Carlito Rocha...), que Sergio Augusto tão bem homenageou em seu livro "Botafogo-Entre o ceú e o inferno".
Meu saudoso pai, de quem herdei o amor pelo Glorioso, conterrâneo de Heleno de Freitas, estaria completando 102 anos de vida e paixão pelo Alvinegro da Estrela Solitária. Eu, papa-goiaba de Paraiba do Sul, 60 anos de vida e amor pelo meu Botafogo, tenho certeza de sê-lo desde o útero materno. Nosso Botafogo é mesmo glorioso, né não!? mesmo quando não tendo um jogador convocado para a nossa seleção, lá estamos na copa representados pelo nosso irreverente "El Loco Abreu" no esquadrão uruguaio. Coisas que só acontecem com o Botafogo.
Enfim, depois de muito delongar, quero afirmar que apreciei muito o texto sobre a trágica extinção da cidade e expressar minha satisfação em encontrar o seu blog.
Excusas pelo meu português ruim.
Apenas um reparo, o trecho do texto onde se diz: "a Alemanha chegará ao tetra e, junto com a Itália, será como o ressurgimento do pavoroso Eixo novamente ameaçando os valores da Civilização. Vão pro cacete, nazifascistas!" é por demais pesado. Tenho certeza que não expressa a formação nobre e humanitária daquele que o escreveu, preferindo acreditar que foi apenas um desvio momentâneo, um curto-circuito, um exagero emocional, se lembrarmos que temos em nosso país uma imensa colônia de laboriosos alemães e italianos, cujos filhos aqui nasceram e são brasileiros, nossos irmãos.
Não nos esqueçamos do passado trágico da história da humanidade, não apaguemos de nossa memória os crimes hediondos do holocausto, mas não podemos transferir para os jovens de hoje o débito dos criminosos do passado. Ninguém pode ser criminoso por herança. Se assim fosse, a humanidade estaria toda ela encarcerada.
Amigo, "a patria de chuteiras", frase inspirada de nosso maior dramaturgo, Nelson Rodrigues, não pode ser assumida ao pé da letra. É perigosa!
Em futebol, prefiro a frase de Lúcio Rangel, jornalista também e botafoguense, que indagado se torcia pela seleção, afirmou: "Eu torço é pelo Botafogo!".
Copa do mundo não é disputa por soberania, é apenas um torneio de futebol.
Botafogo, Glorioso ontem, hoje e sempre.
Saudações alvinegras.
Paz profunda!
Mauro Moreira
São José dos Campos-SP
Mauro, quem conhece o Zesergio sabe que as palavras dele nada tem a ver com os alemães e italianos que migraram para cá. Foi um desabafo "histórico", ou vc não sabe o que foi o Eixo nazifascista? Abs
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