
Que bom que a eleição está quase virando a esquina. Três de outubro é logo ali. Vai trazer, como sempre, boas e más notícias. A melhor será o encolhimento do único partido assumidamente de direita, o DEM ou, se preferirem, o Demo, que como todos sabem vem lá de trás, ainda carrega o DNA da golpista e rancorosa UDN, que virou a fascista e poderosa ARENA, depois o ridículo PDS, e em seguida o insuportável PFL, isso só falando dos ancestrais diretos.
Infelizmente, apesar de ter até um ou outro quadro razoável, o DEM reduzido à versão beta de alguma futura legenda igualmente detestável ainda terá em sua futura e minúscula bancada no Senado o praticamente reeleito José Agripino Maia. A boa notícia, esta para o eleitor fluminense, é que – tudo indica – o potiguar Agripino será o único Maia naquela casa parlamentar.
Essa história de direita e esquerda ainda conta. Quando a gente pensa que deixaram de existir, as duas irrompem de novo na ribalta política. No tempo da ditadura, era fácil identificá-las. Uma detinha o poder, a outra era esmagada. Hoje, é preciso cuidado para distingui-las.
Piorando muito a frase de Winston Churchill sobre a democracia, nenhuma das duas presta, mas ainda assim a esquerda é melhor porque zela ou pelo menos finge zelar pelos interesses do país e do povo. A esquerda é burrinha de antolhos, reativa, adepta da automutilação e só se une na cadeia, mas tem seus bons momentos.
Na verdade, não tem esse negócio de esquerda. Melhor dizer esquerdas, aí incluindo a centro-esquerda. As esquerdas nos deram Getúlio Vargas, Leonel Brizola e Lula. A direita – no singular, pois mesmo espalhada entre muitos partidos, ela é unida – só nos deu ditadores. Seu melhor quadro foi o general Ernesto Geisel, que se comportou como estadista.
A direita não presta porque as tentativas de desqualificar o Brasil e seu povo partem e partiram sempre dela. A direita sempre acha melhor o que vem de fora. Mas tem a virtude de não se canibalizar.
O que a direita teme – e a esquerda não percebe e não se aproveita disso – é que as esquerdas se unam. Aí, babau! Quando é que a esquerda vai perceber isso e ficar no singular, mesmo que dividida em partidos diversos? Nunca.
Nossa sorte é que Pindorama nasceu virada pra lua. O Brasil está condenado ao sucesso. O cronista e humorista Sérgio Porto repetia que o Brasil jamais cairia no abismo por uma razão bem ordinária: o precipício é menor. Tentam empurrar, mas não tem jeito. Não cabe.
Durante séculos, a direita – com exceção de seus setores nacionalistas, de Artur Bernardes a Ernesto Geisel – torce para que sejamos o quintal dos Estados Unidos. Chegamos a viver alguns bons anos de crescimento, sob governos ou ditaduras de direita, vide a era do milagre econômico, mas ainda assim o povo não foi aquinhoado com sua parte. Só as famílias poderosas de sempre – algumas no poder desde os tempos do Império – se beneficiaram.
É por isso que o governo do Lula vem fazendo tanta diferença. Lula chegou ao poder porque veio do povo e está prestes a se tornar a figura política mais importante de nossa história moderna. Superando até mesmo, você sabe quem, Getúlio Vargas. Ele mesmo.
Getúlio não veio do povo, mas ainda hoje é sua maior referência. Antes do barão dos pampas que inventou nossa infraestrutura, enfim, antes do rico estancieiro que inventou o Brasil moderno, éramos uma vasta extensão de terras, um curral dominado por grão-senhores que usavam fraques e monóculos. O povo era invisível.
Com Getúlio vieram as leis sociais e trabalhistas, a siderurgia, a mineração, a Petrobrás com acento agudo, a autoestima do povo brasileiro. Getúlio Vargas ainda é, como dizem os metidos, a maior grife política que este país já produziu. Com todos os defeitos e filintos, com todos os mares de lama e os lacerdas que tentaram desqualificá-lo (e se ferraram de verde e amarelo).
Hoje, a direita está se borrando com a perspectiva de Dilma Rousseff se eleger, quem sabe ainda no primeiro turno. Se isso acontecer, o ex-metalúrgico vai empatar o jogo com o Getúlio. E, se voltar ao poder em 2014, sei não... É por isso que a direita anda indócil.
Nem por isso, deixa de ser mais esperta do que a esquerda. Tempo de eleição é justamente a época em que a direita mais se une e a esquerda mais se engalfinha. A malandragem da direita hoje consiste em se dividir e se unir às esquerdas na hora da eleição.
Faz sentido pra você? Pra mim, faz. A maior parte da direita hoje está com Serra e o resto com Dilma. Serra e Dilma são de setores diferentes das esquerdas. Mas isso não importa. A direita vai governar com um ou com outra porque sabe jogar melhor. Tenha o nome que tiver - DEM, PMDB ou qualquer outro partideco desses que se alugam país afora -, a direita leu atentamente o tutorial e conhece melhor o jogo.
Só os melhores quadros do PT e do PSDB não percebem. Nasceram como dois partidos cheios de ótimos quadros e boas intenções, mas foram inflados, acolheram picaretas de todos os tipos e estão desfigurados. O PSDB não sabe a sorte que tem com o esfacelamento de sua asa negra, o DEM. No caso, o PT não tem a mesma sorte, pois o PMDB e demais partidecos aliados continuam crescendo. E muitos de seus melhores quadros tomaram outros caminhos, criando pequenos partidos como o PSOL.
Longe de apostarem na melhoria da qualidade da política que praticam, se esmeram no autocanibalismo, dando seguimento à velha prática – que tanto irrita o povo – de fazer com que a atividade partidária seja malvista, sempre presente no noticiário policial.
E o eleitor nisso tudo, o que faz? No tempo da eleição de papel, falava mal dos candidatos na cédula, escrevia palavrões, “elegia” os cacarecos. Como é impossível fazer a mesma coisa na urna eletrônica, o povo que cansou das barganhas e das picaretagens se diverte votando no Tiririca.
Felizmente, o abismo é menor.
Infelizmente, apesar de ter até um ou outro quadro razoável, o DEM reduzido à versão beta de alguma futura legenda igualmente detestável ainda terá em sua futura e minúscula bancada no Senado o praticamente reeleito José Agripino Maia. A boa notícia, esta para o eleitor fluminense, é que – tudo indica – o potiguar Agripino será o único Maia naquela casa parlamentar.
Essa história de direita e esquerda ainda conta. Quando a gente pensa que deixaram de existir, as duas irrompem de novo na ribalta política. No tempo da ditadura, era fácil identificá-las. Uma detinha o poder, a outra era esmagada. Hoje, é preciso cuidado para distingui-las.
Piorando muito a frase de Winston Churchill sobre a democracia, nenhuma das duas presta, mas ainda assim a esquerda é melhor porque zela ou pelo menos finge zelar pelos interesses do país e do povo. A esquerda é burrinha de antolhos, reativa, adepta da automutilação e só se une na cadeia, mas tem seus bons momentos.
Na verdade, não tem esse negócio de esquerda. Melhor dizer esquerdas, aí incluindo a centro-esquerda. As esquerdas nos deram Getúlio Vargas, Leonel Brizola e Lula. A direita – no singular, pois mesmo espalhada entre muitos partidos, ela é unida – só nos deu ditadores. Seu melhor quadro foi o general Ernesto Geisel, que se comportou como estadista.
A direita não presta porque as tentativas de desqualificar o Brasil e seu povo partem e partiram sempre dela. A direita sempre acha melhor o que vem de fora. Mas tem a virtude de não se canibalizar.
O que a direita teme – e a esquerda não percebe e não se aproveita disso – é que as esquerdas se unam. Aí, babau! Quando é que a esquerda vai perceber isso e ficar no singular, mesmo que dividida em partidos diversos? Nunca.
Nossa sorte é que Pindorama nasceu virada pra lua. O Brasil está condenado ao sucesso. O cronista e humorista Sérgio Porto repetia que o Brasil jamais cairia no abismo por uma razão bem ordinária: o precipício é menor. Tentam empurrar, mas não tem jeito. Não cabe.
Durante séculos, a direita – com exceção de seus setores nacionalistas, de Artur Bernardes a Ernesto Geisel – torce para que sejamos o quintal dos Estados Unidos. Chegamos a viver alguns bons anos de crescimento, sob governos ou ditaduras de direita, vide a era do milagre econômico, mas ainda assim o povo não foi aquinhoado com sua parte. Só as famílias poderosas de sempre – algumas no poder desde os tempos do Império – se beneficiaram.
É por isso que o governo do Lula vem fazendo tanta diferença. Lula chegou ao poder porque veio do povo e está prestes a se tornar a figura política mais importante de nossa história moderna. Superando até mesmo, você sabe quem, Getúlio Vargas. Ele mesmo.
Getúlio não veio do povo, mas ainda hoje é sua maior referência. Antes do barão dos pampas que inventou nossa infraestrutura, enfim, antes do rico estancieiro que inventou o Brasil moderno, éramos uma vasta extensão de terras, um curral dominado por grão-senhores que usavam fraques e monóculos. O povo era invisível.
Com Getúlio vieram as leis sociais e trabalhistas, a siderurgia, a mineração, a Petrobrás com acento agudo, a autoestima do povo brasileiro. Getúlio Vargas ainda é, como dizem os metidos, a maior grife política que este país já produziu. Com todos os defeitos e filintos, com todos os mares de lama e os lacerdas que tentaram desqualificá-lo (e se ferraram de verde e amarelo).
Hoje, a direita está se borrando com a perspectiva de Dilma Rousseff se eleger, quem sabe ainda no primeiro turno. Se isso acontecer, o ex-metalúrgico vai empatar o jogo com o Getúlio. E, se voltar ao poder em 2014, sei não... É por isso que a direita anda indócil.
Nem por isso, deixa de ser mais esperta do que a esquerda. Tempo de eleição é justamente a época em que a direita mais se une e a esquerda mais se engalfinha. A malandragem da direita hoje consiste em se dividir e se unir às esquerdas na hora da eleição.
Faz sentido pra você? Pra mim, faz. A maior parte da direita hoje está com Serra e o resto com Dilma. Serra e Dilma são de setores diferentes das esquerdas. Mas isso não importa. A direita vai governar com um ou com outra porque sabe jogar melhor. Tenha o nome que tiver - DEM, PMDB ou qualquer outro partideco desses que se alugam país afora -, a direita leu atentamente o tutorial e conhece melhor o jogo.
Só os melhores quadros do PT e do PSDB não percebem. Nasceram como dois partidos cheios de ótimos quadros e boas intenções, mas foram inflados, acolheram picaretas de todos os tipos e estão desfigurados. O PSDB não sabe a sorte que tem com o esfacelamento de sua asa negra, o DEM. No caso, o PT não tem a mesma sorte, pois o PMDB e demais partidecos aliados continuam crescendo. E muitos de seus melhores quadros tomaram outros caminhos, criando pequenos partidos como o PSOL.
Longe de apostarem na melhoria da qualidade da política que praticam, se esmeram no autocanibalismo, dando seguimento à velha prática – que tanto irrita o povo – de fazer com que a atividade partidária seja malvista, sempre presente no noticiário policial.
E o eleitor nisso tudo, o que faz? No tempo da eleição de papel, falava mal dos candidatos na cédula, escrevia palavrões, “elegia” os cacarecos. Como é impossível fazer a mesma coisa na urna eletrônica, o povo que cansou das barganhas e das picaretagens se diverte votando no Tiririca.
Felizmente, o abismo é menor.
Na caixinha de música, Dicró.