
Fazer cinema custa caro e, além de grana, exige dedicação exclusiva dos realizadores, que têm de parar com outros trabalhos por algumas semanas, senão desanda tudo. Por isso, os três jornalistas que tiveram a fantástica idéia de produzir o documentário Avenida Brasil 500 deram uma paradinha rápida para ver qualé, ainda mais com essa turbulência toda na economia. Mas foi só um pit stop. Regina Zappa, Sérgio Sbragia e Rogério Reis – que foi ali na esquina comprar uma grande angular e já volta – estão mesmo decididos a peitar as rajadas fortes do temporal (como no falso anúncio de tempo ruim que prefaciou o AI-5) e realizar o filme que vai contar a história do JORNAL DO BRASIL, ou boa parte dela, passada no endereço que batiza o documentário.
Era o pior e o melhor endereço da imprensa carioca. Pior porque não tinha condução na porta, ficava no mais tumultuado dos logradouros, era distante de bares e restaurantes e, quando o prédio foi inaugurado, em 1973, ainda nem havia a Ponte Rio-Niterói. Mas os habitantes do nº 500 da Avenida Brasil, com bom humor, tiraram isso tudo de letra.
Quando nos acostumamos ao novo lar (a gente passava mais tempo lá dentro do que em casa), o estacionamento ganhou o apelido de “O Globo no Ar”, o corredor do 6º andar foi batizado como “Alameda Letício Câmara” e até o Pescoção de sexta-feira virou festa com queijos, vinhos e docinhos para amenizar o trabalho que às vezes varava a madrugada. E o “salário ambiente”? Inventaram até mesmo que da janela da Reportagem Geral se via o pôr-do-sol mais bonito do Rio de Janeiro.
Quem, senão os loucos que adoravam trabalhar no JB, diriam coisas assim?
Há alguns meses, o prédio – que vai virar hospital e tomara que seja dos bons – recebeu, pela última vez, a visita de cento e poucos jornalistas que ali trabalharam. Chovia forte, ventava muito, mas nem assim deixamos de nos despedir do elefante cinzento de frente para a principal entrada e saída do Rio. Curiosamente, um elefante feito de colagem de notícias era o símbolo do JB. Naquela tarde, a equipe filmou e gravou um monte de depoimentos. Foi um reencontro que não teria a mesma emoção em outros locais de trabalho. Depois, fomos parar na feira nordestina do Pavilhão de São Cristóvão para continuar lembrando as boas histórias vividas em nosso inesquecível Condado.
Os três parceiros e realizadores não param – ainda bem! – de trabalhar em outros projetos. Minha querida amiga Regina Zappa é autora dos textos do Cancioneiro Chico Buarque, em três volumes (dois com partituras de 124 composições), que a Editora Jobim Music acaba de colocar nas livrarias. Diferente do texto produzido para a série Perfis do Rio, da Relume-Dumará/RioArte, “que teve como objetivo mostrar Chico, a figura carioca, o ser humano”, este novo livro é mais linear e cronológico, com ênfase na trajetória musical da fera.
Rogério Reis, outro chapa dos tempos do JB e parceiro em vários trabalhos que vieram depois, além dos múltiplos afazeres em sua agência, a Tyba, participa nesta quarta-feira, 10 de dezembro, às 19 horas, da exposição fotográfica Direitos Humanos – A Declaração da Vida, no Centro Cultural da Justiça Eleitoral (na Primeiro de Março, nº 42, em frente ao CCBB). Ah! Ele avisou que quer ver todo mundo lá e, quando diz todo mundo, é TODO MUNDO mesmo. Eu, que não sou besta, vou lá ver a obra coletiva e secar umas taças.
Sérgio Sbragia, ex-repórter fotográfico da IstoÉ e Veja, foi premiado recentemente no Festival de Vitória com seu curta Nós somos um poema, cujo tema é a parceria de Vinicius de Moraes com Pixinguinha. O barato deste filme é que tem músicas desconhecidas do grande público, como o Samba fúnebre, regravado por Jards Macalé; a valsa Seule, com letra em francês cantada por Céu; e o samba afro Yemanjá, com Diogo Nogueira e As Gatas. Além, é claro, do choro Lamento (com os netos Marcelo Rocha Viana, do músico, e Mariana de Moraes, do poeta) e de Mundo melhor (cantado por Elza Soares).
Era o pior e o melhor endereço da imprensa carioca. Pior porque não tinha condução na porta, ficava no mais tumultuado dos logradouros, era distante de bares e restaurantes e, quando o prédio foi inaugurado, em 1973, ainda nem havia a Ponte Rio-Niterói. Mas os habitantes do nº 500 da Avenida Brasil, com bom humor, tiraram isso tudo de letra.
Quando nos acostumamos ao novo lar (a gente passava mais tempo lá dentro do que em casa), o estacionamento ganhou o apelido de “O Globo no Ar”, o corredor do 6º andar foi batizado como “Alameda Letício Câmara” e até o Pescoção de sexta-feira virou festa com queijos, vinhos e docinhos para amenizar o trabalho que às vezes varava a madrugada. E o “salário ambiente”? Inventaram até mesmo que da janela da Reportagem Geral se via o pôr-do-sol mais bonito do Rio de Janeiro.
Quem, senão os loucos que adoravam trabalhar no JB, diriam coisas assim?
Há alguns meses, o prédio – que vai virar hospital e tomara que seja dos bons – recebeu, pela última vez, a visita de cento e poucos jornalistas que ali trabalharam. Chovia forte, ventava muito, mas nem assim deixamos de nos despedir do elefante cinzento de frente para a principal entrada e saída do Rio. Curiosamente, um elefante feito de colagem de notícias era o símbolo do JB. Naquela tarde, a equipe filmou e gravou um monte de depoimentos. Foi um reencontro que não teria a mesma emoção em outros locais de trabalho. Depois, fomos parar na feira nordestina do Pavilhão de São Cristóvão para continuar lembrando as boas histórias vividas em nosso inesquecível Condado.
Os três parceiros e realizadores não param – ainda bem! – de trabalhar em outros projetos. Minha querida amiga Regina Zappa é autora dos textos do Cancioneiro Chico Buarque, em três volumes (dois com partituras de 124 composições), que a Editora Jobim Music acaba de colocar nas livrarias. Diferente do texto produzido para a série Perfis do Rio, da Relume-Dumará/RioArte, “que teve como objetivo mostrar Chico, a figura carioca, o ser humano”, este novo livro é mais linear e cronológico, com ênfase na trajetória musical da fera.
Rogério Reis, outro chapa dos tempos do JB e parceiro em vários trabalhos que vieram depois, além dos múltiplos afazeres em sua agência, a Tyba, participa nesta quarta-feira, 10 de dezembro, às 19 horas, da exposição fotográfica Direitos Humanos – A Declaração da Vida, no Centro Cultural da Justiça Eleitoral (na Primeiro de Março, nº 42, em frente ao CCBB). Ah! Ele avisou que quer ver todo mundo lá e, quando diz todo mundo, é TODO MUNDO mesmo. Eu, que não sou besta, vou lá ver a obra coletiva e secar umas taças.
Sérgio Sbragia, ex-repórter fotográfico da IstoÉ e Veja, foi premiado recentemente no Festival de Vitória com seu curta Nós somos um poema, cujo tema é a parceria de Vinicius de Moraes com Pixinguinha. O barato deste filme é que tem músicas desconhecidas do grande público, como o Samba fúnebre, regravado por Jards Macalé; a valsa Seule, com letra em francês cantada por Céu; e o samba afro Yemanjá, com Diogo Nogueira e As Gatas. Além, é claro, do choro Lamento (com os netos Marcelo Rocha Viana, do músico, e Mariana de Moraes, do poeta) e de Mundo melhor (cantado por Elza Soares).
Voltando ao Avenida Brasil 500, falta muito e falta pouco para concluí-lo. O que falta: Regina calcula que R$ 150 mil fechariam a conta, mas dá para ir fazendo devagar e sempre. Por que falta pouco? Ela e os dois parceiros estão animados e vão retomar em breve os depoimentos de alguns dos nossos colegas mais queridos que não puderam participar da última visita ao endereço mágico.

3 comentários:
Zé
Como dizia Groucho Marx, não freqüento clube que me aceita como sócio. Então, vou comentar os únicos textos com 0 comentário. Infelizmente, o primeiro não é sobre o texto, mas sobre a foto. Pungente. De quem é? Quem são? Não sei se a da esquerda está chorando, mas parece. O vazio do andar (em que também trabalhei) me lembra o prédio abandonado do Correio da Manhã, que não sei por que visitei, embora não tenha trabalhado lá. Hoje é um repartição da Justiça. A notícia da grana da Dona Ivone saiu no Ancelmo, por indiscrição deste redator que vos escreve.
Passa o cursor sobre a foto que a legenda aparece. É um fotograma do filme, enviado pelo Sérgio Sbragia. Fomos lá naquele dia, lembra?
Obrigado por intiresnuyu iformatsiyu
Postar um comentário