
Não sei a história que existe por trás da marchinha História do Brasil, que Lamartine Babo compôs para o carnaval de 1934, mas essa música foi a grande responsável por um erro histórico – o Brasil foi descoberto em 22 de abril de 1500, não no dia 21 de abril. Não sei quem errou, se foi o genial Lamartine, se foi quem cantou a marchinha pela primeira vez, ou seja, Henrique Foréis Domingues, o cantor conhecido como Almirante.
O fato é que a data que ficou gravada no inconsciente brasileiro é 21 de abril. Mas o país é de 22, não de 21.
Dito isso, que pensando bem não tem a menor importância, vamos à notícia mais recente sobre o Brasil nesta tarde de 22/4, que é uma notícia negativa.
Dito isso, que pensando bem não tem a menor importância, vamos à notícia mais recente sobre o Brasil nesta tarde de 22/4, que é uma notícia negativa.
Chega a ser engraçado isso. Na TV hoje, e nos jornais de amanhã, 23/4, foi (e será) dado grande destaque à má notícia de que as contas externas do país tiveram o maior déficit no primeiro trimestre desde o ano de 1947, “um rombo de US$ 12,1 bilhões”.
Por que estou rindo? É porque também hoje, nos portais jornalísticos da internet, a notícia mais recente sobre o Brasil é positiva. Diz que as aplicações de estrangeiros em ações na bolsa significaram o maior valor para um primeiro trimestre desde o ano de 1947, “num total de US$ 5 bilhões”.
As duas notícias vieram da mesma fonte: o Banco Central.
Segundo o banco, esses recursos estrangeiros no mercado de ações, somados aos investimentos estrangeiros diretos, serão utilizados para financiar o déficit das contas externas previsto para este ano, e que já se fez sentir no primeiro trimestre.
Também segundo o banco, e os noticiários de TV estranharam muito, a queda nas contas externas no primeiro trimestre está relacionada com o crescimento da economia brasileira. Com a economia crescendo mais, aumentam as importações e, com isso, o resultado positivo da balança comercial fica menor.
Ou seja, a boa e a má notícia são, literalmente, as duas faces da mesma moeda. Ambas são a pior e a melhor notícia desde o mesmíssimo ano de 1947. No entanto, foi conveniente para nossa mídia editá-las e distribuí-las para o grande público da seguinte maneira: embora a boa e a má notícia façam parte do mesmo contexto...
... o grande público que assiste TV e passa em frente à banca de jornal para ver a manchetona do jornal, só viu hoje ou vai ler amanhã o lado negativo da mesma notícia. Ou seja, o grosso do eleitorado está sendo induzido a crer que – ó meu Deus! – estamos indo mal, muito mal...
... já os leitores de jornais online, mais bem dotados de massa crítica, foram aquinhoados com o lado positivo. Como esses leitores, acredita-se, são muito poucos e mais bem informados, não tem importância dizer a verdade. Ou seja, estamos indo bem, muito bem...
Voltando à vaca fria: o engano do Lamartine Babo sobre o dia do descobrimento, pelo menos, não teve nenhuma intenção de convencer ninguém a votar num ou noutro candidato a presidente da República.
Na imagem, a primeira missa na imaginação de Vitor Meirelles. No som, a marchinha de Lalá cantada por Almirante.
Por que estou rindo? É porque também hoje, nos portais jornalísticos da internet, a notícia mais recente sobre o Brasil é positiva. Diz que as aplicações de estrangeiros em ações na bolsa significaram o maior valor para um primeiro trimestre desde o ano de 1947, “num total de US$ 5 bilhões”.
As duas notícias vieram da mesma fonte: o Banco Central.
Segundo o banco, esses recursos estrangeiros no mercado de ações, somados aos investimentos estrangeiros diretos, serão utilizados para financiar o déficit das contas externas previsto para este ano, e que já se fez sentir no primeiro trimestre.
Também segundo o banco, e os noticiários de TV estranharam muito, a queda nas contas externas no primeiro trimestre está relacionada com o crescimento da economia brasileira. Com a economia crescendo mais, aumentam as importações e, com isso, o resultado positivo da balança comercial fica menor.
Ou seja, a boa e a má notícia são, literalmente, as duas faces da mesma moeda. Ambas são a pior e a melhor notícia desde o mesmíssimo ano de 1947. No entanto, foi conveniente para nossa mídia editá-las e distribuí-las para o grande público da seguinte maneira: embora a boa e a má notícia façam parte do mesmo contexto...
... o grande público que assiste TV e passa em frente à banca de jornal para ver a manchetona do jornal, só viu hoje ou vai ler amanhã o lado negativo da mesma notícia. Ou seja, o grosso do eleitorado está sendo induzido a crer que – ó meu Deus! – estamos indo mal, muito mal...
... já os leitores de jornais online, mais bem dotados de massa crítica, foram aquinhoados com o lado positivo. Como esses leitores, acredita-se, são muito poucos e mais bem informados, não tem importância dizer a verdade. Ou seja, estamos indo bem, muito bem...
Voltando à vaca fria: o engano do Lamartine Babo sobre o dia do descobrimento, pelo menos, não teve nenhuma intenção de convencer ninguém a votar num ou noutro candidato a presidente da República.
Na imagem, a primeira missa na imaginação de Vitor Meirelles. No som, a marchinha de Lalá cantada por Almirante.
6 comentários:
Zé, o comentário é perfeito, se o Lalá lalou pra mim não faz a menor
diferença. Aprendi, quando estava no primário (lembra?..primário,
secundário, científico ou clássico...) que a coisa aconteceu no dia 22.
Depois de algumas décadas de vivências e observâncias, pra mim não foi
nem em 21 nem em 22, porque simplesmente não aconteceu. Você já reparou
que o único país da América do Sul que foi "descoberto" foi o Brasil?
Não existe descobrimento da Argentina, do Paraguai, etc etc. Além do
mais, que porra de descobrimento é esse, como "descobrem" uma terra
habitada por 3 milhões de pessoas? Foi uma invasão, aí sim. O nosso país
foi INVADIDO no dia 22 de abril de 1500, pelos piores elementos
recrutados nos becos de Lisboa, "marujos" de araque que foram obrigados
a entrar nas caravelas, conviver com ratos, trazer uma porrada de
doenças pra cá: escorbuto, sífilis, afora os mais variados tipos de
pneumonias. Nós somos chamados brasileiros, mas na época o termo
brasileiro era pejorativo, era o traficante de pau brasil, do mesmo modo
que negreiro era o traficante de negros. Com o tempo a coisa foi ficando
familiar, era tanta gente envolvida em mandar pau pro exterior que
ninguém mais se importou em ser fora da lei. Dessa forma nós
verificamos, tristemente, que o nosso gênese (ou a nossa gênese) é
deprimente. Talvez por isso a Cidinha Campos declarou que a pilantragem,
a falta de decôro, de vergonha na cara está no nosso DNA. Ela falou isso
na Assembléia, revoltada com a entrada do Nader no Tribunal de Contas. E
o Sarney no Senado? E Collor, Renan, Jader, quiuspariu! Mas o nosso
assunto é outro. Lalá era um grande sacana, de repente fez as contas dos
dois meses depois do carnaval e mandou ver.
Você fala da manchete dos jornais e esquece uma que os jornais não
noticiaram, ocultaram, esconderam: a proposta de impossibilitar um
político de se candidatar se estiver envolvido em safadezas NÃO PASSOU
no congresso. Ninguém falou rigorosamente nada. Lá só tem bandido
mesmo... a Cidinha tá coberta de razão.
Lá estou eu de novo voltando a velha matraca...
Zé, estou em Conservatória, são cinco da tarde e vou tomar uma purinha
porque ninguém é de ferro. Gudibái.
FLORIANO CARVALHO
Zé, gostei muito da sua menção ao bravo Almirante. Sou fã dele de carteirinha. Ele foi um dos grandes compositores ao lado de Braguinha, seu cunhado. E, claro, o pai da obra prima do rádio chamada Incrível, Fantástico, Extraordinário - algo que jamais pode ser repetido seja no rádio ou TV. Se foi ele que errou a data? Non creo. Mas pode ser coisa do outro mundo, vai saber!! Sou carioca da gema, mas tenho uma paixão incontrolável por Brasilia. Adoro aquela terra. Morei lá dez anos, dos cinco aos 15, e a natureza exuberante (de cerrado, mas ainda assim exuberante)é marca como tatuagem. A água, cristalina, cachoeiras fantásticas (tem um lugar chamado Topázio que é inacreditável), enfim...aquilo ali é mágico. Gostei da reportagem do Marcelo Canellas sobre o DF. Muito pontual. Ela internou o espírito do "ame-a ou deixe-a". O peso político ofusca a arquitetura, a natureza, a feira do Guará com sua farta gastronomia. Mas o problema de Brasilia reside em quem chega, não em quem nasce e cresce ali. Os criminosos de fora arruinam a capital. Gente de dentro se destaca, quando muito, na música, artes ou esporte. Leila do Volei, Kaka...
Floriano, discordo em parte. Argentina, Paraguai, EUA etc. foram descobertos por Colombo. Nós também. Mas que é um luxo termos um descobridor ou invasor só nosso, como diria Araca do Balacobaco, não resta a menor dúvida. O projeto da ficha limpa ainda não morreu. E se morrer, vai ser reapresentado em breve.
Lau, entendo sua paixão por BSB, mas não tenho preconceito contra a cidade por causa da corrupção, que é nacional, sistêmica, endêmica e, conforme a Cidinha, está no DNA. Minha má vontade é com aquela paisagem desoladora, aquele céu sem fim em cima daquela concretada toda. Brasília estimula o suicídio. Mas é só minha opinião preconceituosa.
Nossa! Escuta essa, seu Zé, mas com ouvidos limpos:
"... Minha má vontade é com aquela paisagem desoladora, aquele céu sem fim em cima daquela concretada toda. Brasília estimula o suicídio. Mas é só minha opinião preconceituosa.
Já ouvi, ouvido limpinho e cotonetado, e o pior é que continuo achando - fazer o quê?! Brasília me deprime.
Taí, presença ou ausência de um pronome faz mesmo toda a diferença.
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