
A última pessoa que admitiu tê-lo visto com vida foi um carcereiro, de apelido “Marechal”, logo desmentido pelo então ministro da Justiça, Armando Falcão.
Foi longo o sofrimento de dona Elzita, mãe do estudante, que em vão apelou a dezenas de autoridades militares e civis na época, em busca de notícias do pai de seu neto Felipe.
Se existem Céu e Inferno, Fernando Santa Cruz certamente hoje descansa em paz, bem longe do então ministro da Justiça, que carregou para os Quintos, entre outros crimes, o de ter mantido em cárcere, sob tortura, o próprio sobrinho, Fred, e a mulher deste, Fernanda, ex-colega desse blogueiro no Instituto de Artes e Comunicação da UFF.
É a homenagem que presto hoje, por ocasião dos 45 anos do golpe militar de 1964, data marcante ainda comemorada pelos nostálgicos dos bons tempos em que mais de três pessoas conversando abobrinha na porta do cinema já era considerado indício de subversão.
Em fins dos anos 70, foi proposta do autor dessa postagem, encampada por todas as facções estudantis da época, batizar o Diretório Central dos Estudantes da UFF com o nome de Fernando Santa Cruz. Não deve ter registro disso em lugar nenhum e nem era preciso ter, pois o grupelho a que pertenci nem era muito chegado à APML. Daí a facilidade que tivemos em chegar à decisão unânime. Na vitrolinha dos anos 70, Elis Regina interpreta a Cartomante de Ivan Lins.
8 comentários:
Zé, amigo velho, excelente a lembrança dessa bosta desse golpe. Cansei de cobrir cerimônia de "homenagem" à Redentora com embrulho no estômago. Nem sabia que tinha sido vc a sugerir o nome do Fernando Santa Cruz ao brioso DCE da UFF. Agora ainda mais me orgulho de ter passado tanta madrugada ali vivendo e aprendendo. Um abração, Alexandre Medeiros
Zé,
Ingressei na Engenharia Civil da UFF em 1972 e conclui só em 1978. Tive um exílio (não político) de 1975 até 1977. Lá vivi o drama do Fernando SC, como também estava no teatro que ganhou o seu nome quando Dori Caymmi, Novelli, Wagner Tiso e outros tantos foram fazer um show. Acredite! só tinha eu e mais duas pessoas na platéia. Por uma deferência do Dori e cia, fomos, artistas e público, para uma sala do interior do teatro onde batemos longo papo regado a música, é claro, em troca do show que não aconteceu.
Abraços,
Salvador
Zé, Zé... Pra quem ia mandar o blog pra Cucuia, você retomou o prumo com tudo em cima. Tá do bilau. Agora, sei não, o grupelho a que você pertencia podia não ir muito com a APML, mas algumas das suas grandes amizades saíram dessa seita. Ou não posso me considerar um grande amigo seu, mané? Ó... por falar em amenidades, tô com um bacalhau dessalgado em casa e não sei o que fazer com ele. Bora combinar um Bacalhau a Tartaglia e comer no Chico? Se você não gostar de bacalhau, eu providencio uma porção de ovos coloridos.
Dizem que o carcereiro indigitado depois abraçou a carreira jornalística e só manteve, da antiga ocupação, a patente. Quer dizer, o apelido.
Alexandre e Salvador, quantas histórias legais naquele lugar, hein? Abel Ferreira, Nelson Cavaquinho, MPB4, quanta gente boa passou por lá ou teve o show proibido em cima da hora pelos "omes". Cesinha, a gota impede até que eu mande email pro bacalhau, mas ovo cozido eu topo. Szegeri, será que o carcereiro Marechal do DOI-DOI de SP é o nosso querido Álvaro da Costa e Silva?
Caríssimo, sou vizinho da mãe do Eduardo Collier. Uma pernambucana adorável, que faz o melhor bolo-de-rolo que já comi. No ano passado, ela completou 90 anos - dedicou boa parte de sua vida à busca pelo filho. Ela não merecia ter o filho morto, como não merece não saber que fim ele levou. O Estado brasileiro tem a obrigação de informá-la. O país foi presidido oito anos por um adversário da ditadura, está sob o comando de um ex-sindicalista que também foi perseguido pelo regime militar. Muitas e muitas pessoas que foram presas, exiladas e torturadas participaram e participam do governo. Chega a ser vergonhoso que, passado tanto tempo, a mnãe do Collier - não citarei aqui seu nome - não tenha recebido uma informação oficial sobre o destino do seu filho. Repito: isso é vergonhoso.
Fernando Molica
Ontem morreu Raul Alfonsín, que foi presidente da Argentina logo depois do regime militar do Videla e outros facínoras. Não era de partido de esquerda, mas o governo dele mandou investigar as barbaridades cometidas na ditadura deles. Molica, o país do Maradona soube lidar melhor com isso do que o país do Pelé, né não?
Sem dúvida, meu caro.
abs,
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